Huberto Rohden

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Professor Rohden

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sábado, 19 de fevereiro de 2011

Não pares a meio caminho!

cOs que estudaram o primeiro capítulo, sobre os erros fundamentais do homem comum quanto à noção do seu "eu", terão perguntado a si mesmos: por que é que a maioria do gênero humano ignora o seu verdadeiro "eu"? Por que é que a quase totalidade dos homens considera  o seu ego-físico/mental como a essência da sua individualidade? Não sugere essa confusão geral a idéia  de que o homem não foi creado para conhecer a verdade, sobretudo a importantíssima verdade sobre a íntima natureza do seu ser?


Respondemos o seguinte: O homem de hoje é ainda um ser incompleto, provisório, em plena jornada evolutiva, longe do seu destino final...Até hoje, só apareceu sobre a face da Terra um único homem plenamente desenvolvido, física, mental e espiritualmente; e esse "filho do homem" nos disse: "Vós fareis as mesmas obras que eu faço, e as fareis até maiores". O que nesse homem estava plenamente desenvolvido acha-se, no comum dos homens, ainda em estado embrionário, latente, meramente potencial.


O homem compõe-se dos elementos material(corpo),mental(intelecto) e racional ou espiritual(alma); e, como toda evolução procede de fora para dentro, da periferia para o centro, da quantidade para a qualidade, era natural que o homem descobrisse, em primeiro lugar, o elemento material do seu ser, isto é,o seu corpo dotado dos cinco sentidos.


Os cinco sentidos são, por assim dizer, cinco portas ou canais, que põem o homem em contato com o mundo material ao seu redor. Por meio desse contato sensorial com o ambiente externo, enriquece o homem o seu ser, assimilando algo desse mundo físico...


Além dos cinco sentidos,esses portais externos, possui o homem três faculdades internas de conhecimento, que são o intelecto, a imaginação e a memória. Pelo intelecto elabora o homem ulteriormente a matéria-prima que os sentidos lhe forneceram; isto é, percebe as invisíveis relações, ou leis, que regem os fenônemos visíveis. Os sentidos apenas "percebem" os fatos concretos, ao passo que o intelecto "concebe" as leis abstratas que regem esses fatos...


Pela imaginação crea o homem imagens internas  dessas mesmas relações ou leis que o intelecto descobriu. A memória por assim dizer, armazena e arquiva o conteúdo do intelecto e da imaginação, tornando o homem capaz de evocar e representar( isto é, tornar novamente presentes) fatos ocorridos no passado ou a distância...


A transição  da simples percepção sensória para a concepção intelectual do homem deve ter demandado muitos milhares ou milhões de anos, porque essa nova consciência intelectual supõe profunda modificação nos nervos, mudança essa que se processou a passos mínimos em espaços máximos, como aliás toda a evolução. Os nervos são como que antenas ou aparelhos receptores de ondas invisíveis. Para captar as "ondas longas" emitidas pelos objetos do mundo material bastam os receptores primitivos dos sentidos; mas para captar as "ondas curtas" das invisíveis leis que regem a matéria, requer-se um aparelho receptor muito mais delicado e sutil.


Hoje  em dia, na Era Atômica, esse receptor intelectual do homem atingiu a grande perfeição, pondo a humanidade em contato com realidades que nenhum sentido orgânico pode verificar.


Entretanto, a faculdade racional(chamada também de espiritual ou intuitiva) do homem acha-se ainda em estado tão embrionário como era, em épocas remotas,a faculdade intelectiva da nossa raça...


Segundo Teilhard de Chardin, o homem percorre quatro estágios evolutivos: hilosfera(material), biosfera(vital), noosfera(intelectual) e logoesfera(racional)...


A humanidade, salvo raras exceções, se encontra hoje no estágio sensitivo-intelectivo, ignorando, total ou parcialmente, o mundo racional ou espiritual. Portanto, esse mundo por nós ignorado não exerce sobre a nossa vida influência ponderável.

Ora, o mundo sensitivo-intelectivo é o mundo do egoísmo individual, fonte de todos os dolorosos problemas e da infelicidade da vida humana. Com a entrada no mundo racional ou espiritual, o homem ultrapassaria as zonas desses problemas infelicitantes, oriundos do egoísmo unilateral; entraria na zona do altruísmo ou do amor universal.

Segue-se logicamente que a conquista definitiva da felicidade imperturbável depende essencialmente do descobrimento prático desse vasto mundo racional...

O Caminho da Felicidade,páginas 41 a 44, Segunda Edição-2005,Editora Martin Claret

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Que é ser feliz?

Que é ser feliz?


Ser feliz é estar em perfeita harmonia com a constituição do Universo, consciente ou inconscientemente. A natureza extra-hominal é inconscientemente feliz, porque está sempre, automaticamente, em harmonia com o universo. Aqui na Terra, só o homem pode ser conscientemente  feliz e também conscientemente infeliz.


...Com o homem começa a bifurcação da linha única da natureza; começa o estranho fenônemo  da liberdade em meio à universal necessidade. A natureza só conhece um dever compulsório. O homem conhece um querer espontâneo,seja rumo ao positivo,seja rumo ao negativo.


O desejo universal é a felicidade-e, no entanto, poucos homens se dizem felizes. A imensa maioria da humanidade tem a potencialidade ou possibilidade de ser feliz-poucos têm a felicidade atualizada ou revisada...


Qual a razão última por que muitos homens não são felizes, quando o poderiam ser?


Passam a vida inteira marcando passo no plano horizontal do seu ego externo, e ilusório-nunca mergulharam nas profundezas verticais do seu Eu interno e verdadeiro. E quando a sua infelicidade se torna insuportável, procuram atordoar, esquecer, narcotizar temporariamente esse senso e infelicidade, por meio de diversos expedientes da própria linha horizontal, onde a infelicidade nasceu...


Camuflar com derivativos e escapismos a infelicidade não é solucionar o problema; é apenas o mascarar e transferir a infelicidade para outro tempo- quando a infelicidade torna a se manifestar com redobrada violência.


Remediar é remendar-não é curar,erradicar o mal.


A cura e a erradicação consiste unicamente na entrada em uma nova dimensão de consciência e experiência. Não consiste em uma espécie de continuísmo- mas sim em um novo início, em uma iniciativa inédita, numa verdadeira iniciação...


Todos os mestres da humanidade afirmam que a verdadeira felicidade do homem, aqui na Terra, consiste em "amar o próximo como a si mesmo". Ou então em "fazer aos outros o que queremos que os outros nos façam."


Existe essas possibilidade de eu amar meu semelhante assim como me amo a mim mesmo?
Em teoria,muitos o afirmam; na prática poucos o fazem.
De onde vem essa dificuldade?


Da falta de um verdadeiroa autoconhecimento. Pouquíssimos homens têm uma visão nítida da sua genuína realidade interna; quase todos se identificam com alguma facticidade  externa, com o seu ego físico, seu ego mental ou seu ego emocional. E por essa razão não conseguem realizar o amor-alheio igual ao amor-próprio...


Amor-próprio não é necessariamente egoísmo. Egoísmo é o amor-próprio exclusivista, ao passo que o verdadeiro amor-próprio é inclusivista, inclui todos os amores-alheios no seu amor próprio, obedecendo assim ao imperativo na natureza e à voz de todos os mestres espirituais da humanidade.


Enquanto o homem marca passo no plano horizontal do seu ego, o que pode haver em sua vida é guerra e armistício-mas nunca haverá paz... O ego ignora totalmente o que seja paz. O ego de boa vontade assina armistícios temporários, o ego de má vontade declara guerra de maior ou menor duração-. mas nem esse nem aquele sabem o que seja paz...


Paz e alegria duradouras nada têm de ver com guerra e armistício, que são do ego, de boa ou má vontade; a paz e a alegria permanentes são unicamente as do Eu divino no homem.


Onde não há autoconhecimento, experiência da realidade divina do Eu espiritual, não há felicidade, paz, alegria, Enquanto o homem conhece apenas o seu ego físico-mental-emocional, vive ele no plano da guerra e do armistício; quando descobre o seu Eu espiritual, faz o grande tratado de paz e alegria no templo da Verdade Libertadora...


Os mestres também deixaram perfeitamente claro que essa paz durável, sólida, dentro do homem e entre os homens, não é possível no plano meramente horizontal do ego para ego, mas exige imperiosamente  a superação desse plano, o ingresso na ignota zona da verticalidade do Eu. Os grandes mestres, sobre tudo o Cristo, não convidaram os seus discípulos apenas para passar de um ego de má vontade (vicioso) para um ego de boa vontade( virtuoso)-a mensagem central de todos os mestres tem um caráter metafísico, ontológico, cósmico; é a transição de todos e quaisquer planos horizontais-ego para a grande vertical do Eu da sabedoria, do "conhecimento da Verdade Libertadora..."


O ego de boa vontade é, certamente, melhor que o ego de má vontade-, mas só o Eu Sapiente está definitivamente remido de todas as suas irredenções e escravidões. Somente a Verdade, intuída e vivida, é que dá libertação real e definitiva...

O caminho da felicidade,páginas 17 a 21-Segunda edição 2005,editora Martin Claret